domingo, 29 de abril de 2007

Os caminhos do Mosaico...




*Queridos, este texto foi retirado da minha monografia de graduação intiltuda "Jóias Objeto" que trata da questão do mosaico no campo da joalheria.




Como se originou o mosaico ainda é bastante discutido, o pôrque e como nasceu, fazem parte do campo das hipóteses, assim como as hipóteses referentes aos homo-sapiens. Desde o começo de sua existência o homem sente atração pelas pedras, com ela fabricou seus primeiros utensílios, que supriram suas necessidades primordiais, dentro das grutas encontrou abrigo da chuva, do sol, dos predadores, nas pedras desenhou seus primeiros símbolos e esculpiu seus primeiros ídolos.
Assim, pouco se sabe dos povos que inventaram ou usaram a arte do mosaico. Estudiosos defendem que esta arte tenha nascido na Pérsia, passando depois aos Assírios, aos gregos, e finalmente, como afirma Plínio, chegando ao Lácio no tempo de Sila (séc. I a.C). Pode-se dizer que a Arte do mosaico tem mais de 5000 anos, tendo-se como referencias descobertas arqueológicas.


É sabido que os sumerianos e os caudeus decoravam as paredes com mosaicos, Na região do Tigre e do Eufrátes, foram encontrados restos que podem ser considerados mosaicos.
Nas proximidades de Ur, um pequeno santuário dedicado a deusa Nin-Kursag tinha as colunas frontais e frisos de mosaico de pedras negras, brancas e madrepérolas (2500 a.C), instrumentos como arpas sumerianas estavam decoradas com animais simbólicos, e debaixo destes animais, figuravam mosaicos com motivos rituais.
Durante o domínio Ptolomeico no Egito (sec. III a.C) várias escolas difundiram o mosaico por toda bacia do mediterrâneo. Nas escavações de Tel-ei-Yehudia, baixo Egito, existem mosaicos adornando capitéis e paredes, são formados por pequenos pedaços de vidro colorido, recortados em forma de lotus.


No Primeiro milênio antes de Cristo os gregos desenvolveram-se e influenciaram estética e espiritualmente todos os povos do mediterrâneo. Sabe-se que o mosaico grego teria se desenvolvido no período helenístico (III e I a.C), dessa época temos notícias de pisos de pedaços de mármore branco e de cor, embutidos numa massa compacta e muito resistente com um tipo de desenho simples que os romanos chamavam pavimentum testaceum, mas no período de dominação romana (I a.C. e VI d. C.) o mosaico assumiu um nivel de arte superior.
Em Roma esta arte floresce de tal forma que em palácios, templos, estádios, termas, tendas, pórticos e mercados o mosaico estava presente. São mosaicos de mármore preto, branco e coloridos, em nenhum outro lugar como na Roma antiga temos noticias do mosaico utilizado em tão grande escala, sendo utilizado até em murais transportáveis. Sabe-se que Júlio Cesar tinha este tipo de mosaico em suas tendas, de Roma o mosaico difundiu-se por todo o império.




Com a crescente afirmação do cristianismo, as correntes artísticas, em geral, encontram-se nos assuntos e na liturgia da nova doutrina, outros rumos temáticos. A palavra do Messias e dos apóstolos divulgadas pelo mundo, as novas preces, os novos conceitos filosóficos desta vida e do além. Paralelamente à Europa, o Oriente próximo, em Antióquia, Egito, Capadócia, Sina, Persia, Ásia Ocidental, etc, o mesmo surto artístico determinado pela mesma necessidade representativa das leis do novo credo. Com o reconhecimento do cristianismo esta arte cristã fundiu-se com a ocidental, o paleo-cristão abriu para todas as artes uma nova era. Enquanto o império romano do ocidente caía despedaçado sob as invasões bárbaras, Bizâncio seguindo os rumos de sua própria tradição, continuava sua calma e abastada vida.




A arte bizantina, forte, viva, em suas originais estilizações, e em seu aceso e luminoso cromatismo, determinou o verdadeiro triunfo das artes visuais do cristianismo, combinando elementos ocidentais e orientais, deu origem a uma arte intelectualizada, onde o sentido de divino se apresentava através de um original abstraciomsmo. No Bizantino destacam-se os mosaicos de Ravena, na Itália, como a igreja de São Vital e São Apolinário, em Classe, eles testemunham um período de grande esplendor. Em Veneza, O templo de São Marco, também Castelséprio, Torcello, Roma, Florença, conservam até hoje o cunho desta original arte religiosa.
Nunca como neste período, o mosaico teve tanto esplendor e foi tão largamente usado no mundo, gerações de artistas desconhecidos criaram, no mundo bizantino, os maiores mm"ais de todos os tempos, monumentais, composições erigidas para a glória de Deus.


No século XVIII o mosaico torneou-se curiosidade de colecionadores de miniaturas, onde a tecera smalti individual foi derretido e desenhado dentro do vidro, conhecida como smalti filati. Estes foram usados para compor micro- mosaicos com pelo menos 1400 tesserae por polegada quadrada. Muitos artistas foram influenciados pelo mosaico, como por exemplo o pintor Gustav Klint (1862-1918), após uma visita a Ravena, desenvolveu uma pintura quase pontualística e em alguns murais, inseria esmaltes pintados, especialmente cerâmica. Outro artista que se destacou foi Antonin Gaudí (1852- 1926), Gaudí inovou utilizando o mosaico na cobertura de fachadas de prédios, além de utilizar entulhos . As criações de Gaudí influenciaram pintores espanhóis e
mexicanos nos anos de 1950.


De Portugal para o Brasil foi um pulo, no início do século, as chamadas "pedras portuguesas" foram usadas pela primeira vez no país, cobrindo as calçadas da Avenida Central, hoje Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro. No final dos anos 40 , foi feito com granito, o famoso mosaico do calçadão da orla de Copacabana.
No Espírito Santo, destacam-se vários artistas que dedicam suas vidas a difundirem a arte do mosaico entre eles a mestra Freda Cavalcanti Jardim e o mestre Samú que desde a década de 60 dedica-se a ornamentar a cidades de Viória, tendo seus mosaicos em vários prédios públicos e é criador do mural mosaico de entrada da UFES.

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