quarta-feira, 2 de maio de 2007

Cometa Esperança...

Foto acima: eu, Tuca e Freda
abaixo: eu e Heloiza Galvão
Cometa Esperança é o Mosaico Mural do Prédio da Reitoria da UFES realizado por Freda.
Esta obra tem uma história interessante que logo estarei postando pra vocês, foi a oportunidade que nós, turma de primeiro período de Mosaico, tivemos de participar de um trabalho com Freda e aprender uma técnica inventada por ela de construção de grande estrutura em partes que depois são transportadas e "assentadas" no local... podemos dizer que é o Mosaico do mosaico.

Dia Internacional da Mulher- Palestra

Povo foi um arraso!!!!
me chamaram de novo este ano, e o tema foi " Mulheres que tecem seus destinos!

Poesia e Pintura- Vivencia de Arteterapia na Faculdade Saberes


... Fulia e cidadania... carnaval no CAPS- Ilha de Santa Maria

* Para a realização deste evento houve toda uma mobilização do CAPS (funcionários e pacientes) assim como dos familiares, destacamos o acolhimento por parte dos moradores do bairro. Foi a primeira vez o CAPS, literalmente, pôs o "bloco na rua".

Com criatividade você vive mais!

* publicado no jornal da´instituição.
Oficina de Arteterapia realizada na Associação de Aposentados da Vale do Rio Doce- APOSVALE.

Arte contra o preconceito... reportagem sobre a Oficina Terapêutica de Pintura que ministrei no CAPS- Ilha de Santa Maria/ PMV


...um pouco de magia num mundo desencantado!!!

Queridos, a proposta deste trabalho foi a produção de peças "magicas", como dito na reportagem, busquei nas pedras, nas plantas e nos santos elementos que remetem a fé e a esperança, a aceitação por parte do público foi excelente, vendi tudooooooo.

Meu carinho e agradecimento a Elian que abriu as portas da loja (chiquérrima) Pano pra Manga para nosso trabalho e a Silvana do Jornal A Gazeta.

Reportagem - Caderno 2 de A Gazeta sobre as Jóias Mosaico


segunda-feira, 30 de abril de 2007

O mosaico no contexto arte- terapêutico

* Panorama da produção musiva na oficina de arteterapia da APOSVALE.

*Mosaico sobre Liquidificador- título: Carnaval- Mosaico realizado na Oficina de arteterapia da APOSVALE.


*Oficina de Mosaico realizada no Rosa Rubra Espaço Terapêutico.

*Mosaico realizado na oficina de arteterapia da APOSVALE.



*Mosaico sobre telha- realizado na mesma oficina.

*Título: Coração. Mosaico de papel realizado na Oficina de Arteterapia da Associação de Aposentados da Vale do Rio Doce (APOSVALE)/ 2003.
o pensamento simbólico não é a área exclusiva da criança, do ou do desequilibrado: ela é substancial ao ser humano; precede a linguagem e a razão discursiva. O símbolo revela certos aspectos da realidade - os mais profundos - que desafiam qualquer outro modo de conhecimento. As imagens, os símbolos e os mitos não são criações irresponsáveis da psique; elas respondem a uma necessidade, preenchem uma função: revelar as mais secretas modalidades do ser (por isso, o seu estudo nos permite melhor conhecer o homem, o homem simplesmente, aquele que ainda não se compôs com as condições da história. (Mircea Eliade, 1991)
Passei a trabalhar o mosaico com grupos a partir de 2000, no Programa de extensão da UFES Cada Doido com Sua Mania, e posteriormente no meu consultório o Rosa Rubra.
Em 2002 iniciei um trabalho na Associação de Aposentados da Vale do Rio Doce (APOSVALE) que durou dois anos, resultando em uma produção de grande beleza estética e valor terapêutico. Em dois anos o grupo realizou duas exposições em espaço público, e outras dias em eventos da própria APOSVALE.
Penso que o mais importante foi a constatação do fortalecimento egóico das participantes, mais seguras de si, orgulhosas de suas produções, corajosas enfrentando melhor os conflitos do cotidianos, buscando soluções criativas, o que muito nos alegrou e surpreendeu também neste trabalho foi a redução do uso de ante-depressivos, remédios para hipertensão, e a redução de sintomas psicossomáticos.
Milagres da Renata? coisa nenhuma! eficácia da arteterapia (que é milenar) e da implicação e desejo do grupo , calma, não vou sair dessa sem nem um "meritozinho", soma-se ao sucesso do trabalho a competencia da arteterapeuta.
A prática da arteterapia está para além da prática de uma oficina de artes no seu sentido usual, (envolve outros saberes), não que esta seja melhor, apenas tem uma proposta diferenciada, a criação de um espaço terapêutico. O trabalho do arteterapeuta, neste sentido, é complexa, consiste em auxiliar e incentivar o indivíduo a criar; observando seu percurso, suas reações, expressões faciais, suas falas, e a partir da produção acompanhá-lo no diálogo que estabelecerá com sua produção simbólica.
De forma alguma esta prática trabalha interpretação de imagens por parte do arteterapeuta, ( ex: pintar uma tela toda de preto não quer dizer que o indivíduo estejamal, com depressão, etc)pelo menos a clínica que acredito e defendo passa por aí, trabalha-se sim, a amplificação simbólica.
O setting terapêutico deve ser um espaço de acolhimento e respeito à individualidade. Neste espaço o cliente tem sua fala valorizada e pode expressar sobre sua vida cotidiana, seus sentimentos e angústias. Neste espaço grupal ou individual busca-se entre outras coisas a responsabilização de cada um com seu tratamento; e prioriza-se o olhar sobre o indivíduo e não sobre a patologia.

Fotografias: Murilo e Juliana Casati

domingo, 29 de abril de 2007

Poliptico

Detalhe de mosaico poliptico- são cinco mandalas de 0,60m de diâmetro.

Mosaico com encáustica

* Mosaico com encáustica- experimentos realizados em 2003.
A encáustica é uma técnica que consiste em se derreter parafina ou cera de abelha e trabalhar com estas sobre superfícies, no meu caso utilizei a madeira (mdf), a apartir da sobreposição de camadas. É uma técnica maravilhosa, até porque se lida com o elemento fogo, propiciador de da transmutação dos elementos, para mim foi uma fase importante, estava em fins de recuperação do acidente automobilistico que sofri em 2000, era que me era possivel fazer, não me arrependo.
Fui crussificada na época por somar esta técnica ao meu trabalho, disseram até que eu estva virando "maria vai com as outras", coisas da incompreensão humana. O que importa é que com este trabalho fui convidada para inaugurar a galeria de artes do Tribunal de Justiça do ES e o melhor... vendi tudo!
Nesta época contei com o apoio profissional de Lúcia Adum, minha marchand. Lúcia, meu carinho e agradecimento.

Alegria- Vitória em Arte

*Este mosaico fez parte da exposição Vitória em Arte IV e está publicado no Catálogo produzido para a mesma exposição.



Alegria, satisfação, regozijo, prazer, este título vem traduzir o sentimento que vivencio. A gratidão, o contentamento e a diversão que a produção deste mosaico me proporcionou foi algo marcante. Talvez, pelo fato de estar produzindo, enfim, livre de amarras que noutros tempos foram grandes limitadores, bem... este foi o motivo de nomeá-lo assim.

Penso que Alegria é poder, e outras vezes não poder, se tocar o objeto de amor, segue um dos sonetos da Flor que mais gosto, Amar.
Amar


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!


Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!


E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

(Florbela Espanca)

Os caminhos do Mosaico...




*Queridos, este texto foi retirado da minha monografia de graduação intiltuda "Jóias Objeto" que trata da questão do mosaico no campo da joalheria.




Como se originou o mosaico ainda é bastante discutido, o pôrque e como nasceu, fazem parte do campo das hipóteses, assim como as hipóteses referentes aos homo-sapiens. Desde o começo de sua existência o homem sente atração pelas pedras, com ela fabricou seus primeiros utensílios, que supriram suas necessidades primordiais, dentro das grutas encontrou abrigo da chuva, do sol, dos predadores, nas pedras desenhou seus primeiros símbolos e esculpiu seus primeiros ídolos.
Assim, pouco se sabe dos povos que inventaram ou usaram a arte do mosaico. Estudiosos defendem que esta arte tenha nascido na Pérsia, passando depois aos Assírios, aos gregos, e finalmente, como afirma Plínio, chegando ao Lácio no tempo de Sila (séc. I a.C). Pode-se dizer que a Arte do mosaico tem mais de 5000 anos, tendo-se como referencias descobertas arqueológicas.


É sabido que os sumerianos e os caudeus decoravam as paredes com mosaicos, Na região do Tigre e do Eufrátes, foram encontrados restos que podem ser considerados mosaicos.
Nas proximidades de Ur, um pequeno santuário dedicado a deusa Nin-Kursag tinha as colunas frontais e frisos de mosaico de pedras negras, brancas e madrepérolas (2500 a.C), instrumentos como arpas sumerianas estavam decoradas com animais simbólicos, e debaixo destes animais, figuravam mosaicos com motivos rituais.
Durante o domínio Ptolomeico no Egito (sec. III a.C) várias escolas difundiram o mosaico por toda bacia do mediterrâneo. Nas escavações de Tel-ei-Yehudia, baixo Egito, existem mosaicos adornando capitéis e paredes, são formados por pequenos pedaços de vidro colorido, recortados em forma de lotus.


No Primeiro milênio antes de Cristo os gregos desenvolveram-se e influenciaram estética e espiritualmente todos os povos do mediterrâneo. Sabe-se que o mosaico grego teria se desenvolvido no período helenístico (III e I a.C), dessa época temos notícias de pisos de pedaços de mármore branco e de cor, embutidos numa massa compacta e muito resistente com um tipo de desenho simples que os romanos chamavam pavimentum testaceum, mas no período de dominação romana (I a.C. e VI d. C.) o mosaico assumiu um nivel de arte superior.
Em Roma esta arte floresce de tal forma que em palácios, templos, estádios, termas, tendas, pórticos e mercados o mosaico estava presente. São mosaicos de mármore preto, branco e coloridos, em nenhum outro lugar como na Roma antiga temos noticias do mosaico utilizado em tão grande escala, sendo utilizado até em murais transportáveis. Sabe-se que Júlio Cesar tinha este tipo de mosaico em suas tendas, de Roma o mosaico difundiu-se por todo o império.




Com a crescente afirmação do cristianismo, as correntes artísticas, em geral, encontram-se nos assuntos e na liturgia da nova doutrina, outros rumos temáticos. A palavra do Messias e dos apóstolos divulgadas pelo mundo, as novas preces, os novos conceitos filosóficos desta vida e do além. Paralelamente à Europa, o Oriente próximo, em Antióquia, Egito, Capadócia, Sina, Persia, Ásia Ocidental, etc, o mesmo surto artístico determinado pela mesma necessidade representativa das leis do novo credo. Com o reconhecimento do cristianismo esta arte cristã fundiu-se com a ocidental, o paleo-cristão abriu para todas as artes uma nova era. Enquanto o império romano do ocidente caía despedaçado sob as invasões bárbaras, Bizâncio seguindo os rumos de sua própria tradição, continuava sua calma e abastada vida.




A arte bizantina, forte, viva, em suas originais estilizações, e em seu aceso e luminoso cromatismo, determinou o verdadeiro triunfo das artes visuais do cristianismo, combinando elementos ocidentais e orientais, deu origem a uma arte intelectualizada, onde o sentido de divino se apresentava através de um original abstraciomsmo. No Bizantino destacam-se os mosaicos de Ravena, na Itália, como a igreja de São Vital e São Apolinário, em Classe, eles testemunham um período de grande esplendor. Em Veneza, O templo de São Marco, também Castelséprio, Torcello, Roma, Florença, conservam até hoje o cunho desta original arte religiosa.
Nunca como neste período, o mosaico teve tanto esplendor e foi tão largamente usado no mundo, gerações de artistas desconhecidos criaram, no mundo bizantino, os maiores mm"ais de todos os tempos, monumentais, composições erigidas para a glória de Deus.


No século XVIII o mosaico torneou-se curiosidade de colecionadores de miniaturas, onde a tecera smalti individual foi derretido e desenhado dentro do vidro, conhecida como smalti filati. Estes foram usados para compor micro- mosaicos com pelo menos 1400 tesserae por polegada quadrada. Muitos artistas foram influenciados pelo mosaico, como por exemplo o pintor Gustav Klint (1862-1918), após uma visita a Ravena, desenvolveu uma pintura quase pontualística e em alguns murais, inseria esmaltes pintados, especialmente cerâmica. Outro artista que se destacou foi Antonin Gaudí (1852- 1926), Gaudí inovou utilizando o mosaico na cobertura de fachadas de prédios, além de utilizar entulhos . As criações de Gaudí influenciaram pintores espanhóis e
mexicanos nos anos de 1950.


De Portugal para o Brasil foi um pulo, no início do século, as chamadas "pedras portuguesas" foram usadas pela primeira vez no país, cobrindo as calçadas da Avenida Central, hoje Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro. No final dos anos 40 , foi feito com granito, o famoso mosaico do calçadão da orla de Copacabana.
No Espírito Santo, destacam-se vários artistas que dedicam suas vidas a difundirem a arte do mosaico entre eles a mestra Freda Cavalcanti Jardim e o mestre Samú que desde a década de 60 dedica-se a ornamentar a cidades de Viória, tendo seus mosaicos em vários prédios públicos e é criador do mural mosaico de entrada da UFES.

Jóias Mosaico 2

* Jóia Mosaico -sem título.


*Crucifixo (esmeraldas sobre cristal branco)


*Sem título


*Crucifixo


Fotos: Jove Fagundes
Modelo: Marcela

sábado, 28 de abril de 2007

Jóias Mosaico

* Brasil- exposto em Ravena no V Congresso internacional do mosaico contemporâneo (por estar acidentada eu não puder ir mas Freda e as amigas levaram o trabalho para fazer parte da exposição.

* Sem título/ utilizei esta peça no dia em que apresentei meu tcc sobre as jóias objeto



*Pé de café- este mosaico foi capa do caderno2 do jornal a Gazeta, no dia em que o Brasil completou 500 anos.

O Espírito Santo é um estado produtor de café.


* Florata


*Desejos do Faráo

Fotografias: Jove fagundes
Modelo: Marcela



pedra, material privilegiado...


A relação entre o homem e a pedra é antiga, na pedra o homem plasmou suas primeiras ferramentas e utensílios, seus deuses, sua primeira moradia. os exemplos são inumeráveis Stonehenge, as pirâmides, os templos maias e astecas, e como não citar a poderosa " vênus de Wilindorf" aquela estatueta gordinha sem face data de aproximadamente 25.000 anos e hoje está no louvre.
O homem tem sua história gravada na pedra, e olhem qua a escrita ainda nem existia. Características como a dureza e resistência, talvez não sejam essencialmente os únicos atributos deste material, acredito que "algo mais" faz com que a pedra, continue sendo esse elemento tão especial e essencial para o homem, a sua energia. Não fui eu que inventei isso, já existem muitos estudos científicos e mais ainda no campo da metafísica que defendem ser este elemento dotados de propriedades outras.
Foi essa a idéia que defendi no meu TCC de graduação, fiz uma pesquisa sobre estes estudos e sobre as propriedades energético/terapêuticas das pedras, fato que me rendeu e rende até hoje o titulo de "bruxa"( que adoro!).
as pedras são elementos do reino mineral, e não é o nosso planeta e o universo um grande aglomerado de minerais? os minerais que compõem as pedras são os minerais que compõem as plantas, os animais, o homem.
A pedra reúne estes minerais em forma de cristais, são tão poderosos que consumam o mistério dos mistérios, as pedras crescem, sim, pode acreditar, não sou eu quem está inventando, elas crescem sim, são organismos vivos, de força criadora, energia concentrada.
Com sensibilidade o ser humano pode sentir a energia que emana dos cristais, eles atuam, num plano mais sensivel, chamado "sutil" ou "prânico", muito conhecido como aura.
A própria ciência já comprovou a existência deste campo energéticos que nada mais é que um corpo justaposto ao nosso corpo físico, muito semelhante ao nosso, formado por energia e que por ele circulam correntes energéticas, seu equilíbrio ou desequilibrio associa-se ao estado de saúde e de doença.
Essas correntes energéticas aglutinam-se ao redor de certos pontos no corpo, na realidade são muitos pontos, mas existem pontos principais distribuídos ao longo da coluna vertebral e são chamados de Chackras, que significa em sânscrito circulo de fogo.

Em cada nível de aura existem sete centros de força principais, vibrando em determinado comprimento de onda, gerando a correspondencia entre cada centro de força com uma cor.

As pedras relacionam-se com estas cores na medida que se afinam com estas faixas vibratórias.

Num corpo saudável os chackras absorvem e distrinuem uniformemnte estas energias, um corpo adoecido tem estas energias obstruidas em certos pontos.


by renata bomfim

Angústia da influência ?

*Mosaico exposto no VI Congresso Internacional do Mosaico Contemporâneo-2002.

o crítico americano Harold Bloom em 1973 escreveu um ensaio chamado angústia da influencia, que fala, entre outros temas, sobre a genialidade e o cânone. Para Bloom essa tal "angústia" é a sensação paralisadora que todo artista tem de seu precursor, por exemplo, como falar no gênero "conto" sem falar de nomes como Machado de Assis?, ou de poesia sem termos em mente Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes, estre outros, são estes os que chamamos canônicos. Mas Bloom fala também da dialética dessa relação, pois o precursor também é (re) criado pelo novo artista, para ele o novo artista precisa defender seu lugar ao sol para poder sobreviver ao conflito edipiano com a tradição, ou seja escapar a sombra de seu precursor. A esse herói moderno ele chamou "poeta forte".
Bem, trocando em miúdos, aquele artista admirado precisa ser "superado" por artistas da nova geração, aí vem toda a questão dos gênios, como superar um Machado de Assis, um Fernando Pessoa, um Pablo Picasso, uma Frida Kahlo, e por aí vai? Ainda mais numa sociedade pós-moderna onde o conceito de "gênio" anda em baixa, onde acredita-se que não haja mais possibilidade de se ser original?
Já recebi críticas ao meu trabalho (na sua grande maioria de gente não especializada, ou seja, não criticas de arte) pela influência com a obra de Freda, algumas especificamente, ciúmes, ou inveja, quem sabe pelo tempo que passei com a mestra em seu ateliê, compartilhando de sua companhia, história e aprendendo.
Minha admiração sempre foi explicita, aberta, ao contrário de muitos outros que, buscaram como caminho a negação e a fuga, mas fazer o que? cada um se vira como pode pra fugir dessa tal "angústia".
Bem, tenho refletido sobre o meu percurso como artista plástica, até porque vou completar 13 anos de profissão (adoro esse número!). Sinceramente, ter meu trabalho de alguma forma associado ao de Freda não me causa nenhuma angústia, pelo contrário, fico orgulhosa. A maturidade que os anos trazem, me fizeram perceber que meus constructos musivos, são "outras entidades ", são meus. Numa alegoria, quem sabe são, como por exemplo, aqueles netos que recebem como herança os olhos da avó? é preciso ter orgulho, ou arranca-se os olhos...
Quando estagiava na casa de Freda ela me contou uma história de como seu trabalho foi aceito no Brasil. Quando ela voltou para o Brasil, de Ravena, berço do mosaico, encontrou muita dificuldade em adquirir as pastilhas italianas, então passou a lançar mão do material disponivel no Brasil,uma diversidade de pedras que não há em outro lugar, e divinhem... seu trabalho não foi aceito, ela foi criticada e boicotada na academia, pois o mosaico italiano era referência, e aquilo que Freda fazia era, além de novo um produto nacional. Vocês devem saber como é a receptividade do brasileiro para com o produto estrangeiro em comparação para com o nacional, se esse estrangeiro for europeu então...
Freda preparou uma exposição, mosaico brasileiro, e rumou para os Estados Unidos, lá ela foi aclamada, seu trabalho obteve ótima critica, fato que a deixou muito motivada, então, ela tomou fôlego e foi vencer a tal "angústia", apresentando sua obra em Ravena. Ela me contava de seu nervosismo, até que entrou um crítico de arte na galeria, olhou, olhou, e disse: "se isso não é mosaico, com certeza é filho do mosaico".
Agora, com sua obra aclamada na Itália e nos esteites ela volta para o Brasil, e adivinhem de novo? ela foi aclamada, aceita, elogiada, enfim...
Freda me contou muitas vezes esta história, entre tantas outras... dizia da dificuldade de ser artista por aqui.
Bem, ano que vem vou completar 13 anos (adoro este número) de mosaicancia, a esta altura do campeonato, penso que é só celebrar, agradecer, estar viva é uma dádiva... digo mui solenemente aos meus "criticadores": "vão catar caquinho!!!!", aos meus admiradores, incentivadores: "Obrigada por fazerem a diferença na minha vida", aos amigos: "sejam sempre sinceros comigo, se doer eu corro pra terapia" e a mim mesma: "vai Renata, segue teu caminho".

quinta-feira, 26 de abril de 2007

primeiros passos...

Tive contato com o universo do mosaico quando conheci Freda. eu era estudante de artes plásticas da UFES.
Passando pelo SEMUNI III, onde eram ministradas as aulas de artes industriais, vi uma senhora muito ministrando uma palestra, era Freda.
Entrei, ouvi, senti, bebi, delirei... epifania pura meu povo! algo que posso comparar a uma conversão, eu estava perdida e acabava de me encontrar, estava salva! aleluia...
Freda falava de suas experiências musivas, também no campo da escultura, durante a palestra algo em especial me tocou, seus experimentos no campo da joalheria, que nesta época eram experimentais.
Logo tratei de fazer minha matricula na aula de mosaico, iniciando minha primeira "fase artistica", isso em 1995, segundo meu marido, a fase "catadora de lixo"... O pobre do Luiz quase foi à loucura... tudo que era caco eu trazia para nosso ninho de amor, assim como pedaços de vidro de carro quebrados, madeiras, seixos, latas, etc.
Juntamente com as aulas de mosaico, cursei as disciplinas de joalheria e de vitral, ambas ministradas por Freda e acompanhadas pelo mestre Benedito, nosso querido Bené, ajudante e braço direito da Freda.
Busquei reunir os novos saberes ao mosaico num experimento que intitulei jóias objeto, o resultado foi um trabalho bastante eclético, e que intrigava as pessoas no centro de artes, era a junção de tudo o que eu encontrava no lixo, materiais recicláveis, com materiais finos, e muita amarração e tecitura.
No decorrer dessa experimentação: cerâmica, mármore, granito, papel, vidro, vidrotil, um materil em especial me fascinou, as pedras semi-preciosas brasileiras.
Procurei resgatar nas minhas memórias as tecnicas do croche e do tricô que aprendi ainda menina e as incorporei ao trabalho. Lembro-me que minha primeira exposição aconteceu meio que por acaso, quando levei as peças para a sala de aula para serem avaliadas, não tinha idéia da grande quantidade que havia produzido. Freda ficou encantada com o trabalho, uma mistura de mosaico, tecelagem e papietagem, sem nenhum tipo de preocupação ou compromisso de maiores proporções, naquele momento valia experimentar.
As peças que compunham ao jóias objeto se reuniam de forma democrática formando adornos ecléticos e sem muito compromisso com a função utilitária. Freda e os colegas sugeriram uma exposição.
Era a minha arte que nascia, ainda sem nome e nem identidade definidos.
De 1995 a 1997 a produção das Jóias objeto foi compulsiva, eu amarrava ou tecia tudo o que via na frente e pendurava no pescoço, época de experimentações, sucessos e também de muitas frustrações.
Em 1998 o excesso de informação me deixou um pouco confusa, dediquei-me a outras técnicas e materias no centro de artes como a estamparia.
Em 1999, ingressei no Programa de Extensão da UFES Cada Doido Com Sua Mania, que trabalhava no CAPS- Ilha de Santa Maria, fui ministrar oficina de pintura para os pacientes, nascia ali outro interesse e outra conversão religiosa, que desembocaria na arteterapia.
Esse tempo foi de extrema importancia na minha formação artistica, em 1999 pude fazer o caminho de volta ao mosaico, retornando focando o material que mais havia gostado de trabalhar, as pedras brasileiras.
As Jóias Mosaico eram montados sobre um suporte de fio de cobre tecido, optei por não furar as pedras com o intutito de preservar-lhes a energia, Fui a primeira aluna da UFES a escolher o mosaico como tema de TCC, Carlos Rogério, Pró-reitor de extensão na época, havia me oferecido uma bolsa de estudo pra eu fazer minha pesquisa sobre o programa Cada Doido Com Sua Mania, eu lhe disse que se fizesse isso Freda me bateria... seria o primeiro e o ultimo trabalho no campo do mosaico que ela orientaria, Freda vei a falecer alguns meses depois,m meu trabalho intitulou-se
Jóias Objeto.
Nesta pesquisa descrevo o etinerário do mosaico na historia e pesquiso a origem e propriedades energéticas e terapêuticas dos materiais que utilizo. Conto com o carinho do professor Mauro Lúcio Starling que fez um lindo prefácil conseguindo sintetizar de maneira poética o que eu queria dizer com aquela proposta.
Este trabalho foi dedicado a Freda, uma singela homenagem à mestra, amiga e grande incentivadora. Freda foi um divisor de águas na minha vida, ela dizia que eu era "uma mosaicista nata", guardo estas palavras no meu coração.
Sua morte em 2000, me deixou com um sentimento terrivel de orfandade ... mas a vida é assim mesmo, dei continuidade aos trabalhos musivos...
Bem... parei em 2000. depois conto o que aconteceu depois, ok?
Abraços
Renata

Homenagem a mestra Freda Jardim


"As omoplatas cresceram e se cobriram de penas transparentes como os cristais, transformando-se em asas e, quando ficaram fortes, eu voei. Atravessei o espaço e ia colhendo as tesselas que encontrava e as colocava presas com o meu sangue cheio de amor pela vida que Deus me deu.
Ao avizinhar-me do seu trono Ele estendeu-me as mãos, ergueu-me vi e senti o Universo todo colorido, pleno de histórias contadas pelas tesselas que formaram o grande mosaico do firmamento. Amei a visão musiva com toda a força do meu coração."
Freda Cavalcante Jardim



Tive a honra de ter convivido com Freda e principalmente de ter sido sua aluna. Nossa aproximação foi interessante, eu estava cursando mosaico I e tinha feito uma peça de granito, uma mandala que acabou se tornando um transtorno pois, como citei num artigo anterior, eu estava na fase "cata lixo", se chegasse com mais pedra em casa meu marido me poria pra correr e me jogaria algumas pedras...
Fiquei passenado na UFES com aquela pizza pesada na mão, era hora do almoço, Freda passada e me convidou para ir na sua casa almoçar com ela, aceitei o convite. Devo dizer que depois do mosaico para Freda vinha a culinária, a cada dia era um prato diferente e as inesquecíveis bananas cozidas com açucar e canela de sobremesa.
Ao chegar na casa de Freda, juro pra vocês, estava me esperando, simplesmente, um banquete "Carne seca na Moranga", que adorooo, pra quem não sabe, moramga é abóbora.
Comi como uma condenada e depois do almoço ela perguntou o que eu faria com a minha pizza? eu respondi que não sabia. Freda começo a pegar uns cacos de cerâmica esmaltados artesanalmente, que eram refugo de uma obra que ela havia feito para um prédio, começamos amontar juntas o meu primeiro mosaico, dei a ele o nome de O Sol de Gaudi, pois Gaudi gostava muito de trabalhar com cerâmica, e a minha mestra adorou, pois também apreciava muito Gaudi. Tenho este trabalho até hoje, em uma exposição recusei vendê-lo.
Desde então passei a frequentar a casa de Freda, seu ateliê, sua biblioteca, ela era muito ciumenta com seus livros, mas pra mim ela emprestava pois eu não ficava mais de uma semana com eles e sempre os devolvia envolto em um paninho ou dentro de um saco plástico, ela adorava.... Até me contratou para limpar arrumar e catalogar sua biblioteca, me pagava um salário mínimo, mais o almoço, é lógico, posso garantir que nem a UFES tem o acervo rico e diversificado no campo das artes que Freda tinha em sua biblioteca, após sua morte, a biblioteca, assim como seu acervo foi herdado e não tenho outras informações acerca do mesmo. Trago no coração todas as histórias que ouvi, a saudade de Dona Iris, mãe de Freda, devorando jornais e revistas sentadinha na cadeira da sala, dona Iris, a senhora mais bem informada que já conheci.
Fui acolhida como uma filha naquela casa e, lamento muito que os alunos hoje, não contem mais com mestres como Freda, que incentiva, que valoriza e respeita o aluno, que não o vê apenas como um concorrente de mercado, lógico, salvo excessões.
Salve Freda! a mãe do mosaico brasileiro.